CSI dos pelos!

Por Joana Zorzal 

Entre os dias 7 e 13 de Março partimos para a primeira aventura oficial do meu doutorado: buscar pelos de cateto (Pecari tajacu) e queixada (Tayassu pecari) para avaliar a estrutura e diversidade genética nas Reservas Biológicas Córrego Grande (Conceição da Barra/ES) e Córrego do Veado (Pinheiros/ES), respectivamente.

Para essa aventura, tive a incrível ajuda da Dra. Andressa Gatti (coordenadora do Pró-Tapir) e do Msc. Victor Vale, pessoas maravilhosas que encararam com muito bom humor todas as adversidades do campo (carrapatos, vespas, chuva, arranhões, entre outros).

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Equipe dos sonhos!

No primeiro dia em cada reserva, nós íamos às localidades onde esses animais poderiam ser encontrados (contando é claro com o auxílio dos funcionários José Ramos e Sr. Heleno), sempre buscando por vestígios dessas espécies, como pegadas e áreas reviradasNesse lugares, aproveitamos também para fazer a busca ativa por pelos, isto é, encontrá-los no substrato.

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Após selecionar as áreas, chega o grande momento: instalar os cercadinhos! Claro que pra quem tem experiência em mexer com arame farpado, tudo fica bem mais fácil, mas para nós, foi difícil pegar o jeito.

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Mas aí vocês devem estar pensando, não machuca os animais?

Não mesmo, eles passam super bem pelos arames e nos deixam os preciosos pelinhos! Ao lado, imagens das duas espécies nos cercadinhos instalados no Complexo Florestal Linhares/Sooretama, que inclui, por exemplo, a Reserva Biológica de Sooretama e a Reserva Natural Vale. M2E85L177-178R422B318Além é claro, de termos a autorização do ICMBio para realizar a pesquisa nessas áreas. 

Após esse esforço para coletar os pelos, o trabalho continua, porém, no Núcleo de Genética Aplicada à Conservação da Biodiversidade, mas aí, é uma outra etapa e com metodologia própria.

Com o fim dessa primeira campanha, pude conhecer ainda mais das áreas de estudo e me preparar para as próximas aventuras. Claro, com a ansiedade de que daqui a um mês encontremos muitos pelinhos lindos!

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Equipe na Reserva Biológica Córrego Grande
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Equipe na Reserva Biológica do Córrego do Veado

Cris e sua experiência no Pró-Tapir!

Por Cristina JaquesIMG_0252
A primeira vez que ouvi falar do Pró-Tapir foi em 2011, em um evento que a Andressa palestrou. Ela contou aos presentes o que era o Pró-Tapir e o que ela, e sua equipe estavam desenvolvendo. Nesse momento, tive certeza que também queria fazer parte de tudo isso. No ano seguinte, lá estava eu desenvolvendo minha monografia.
Desde então, aprendi muito sobre as antas e tudo que as envolve e as ameaça. Aprendi, também a trabalhar em grupo, numa equipe formada por muitas mulheres e sei que juntos podemos ir muito longe.
Tive medo e também muitas alegrias, a maior delas foi participar da captura de dois indivíduos, que sem dúvida foi um dos momentos mais emocionantes dessa experiência.
Aos futuros integrantes, eu espero que aproveitem a escola que é o Pró-Tapir (vocês aprenderão muito mais do que imaginam). Enquanto eu, sigo aprendendo com vocês.

Dona Anta e seus amiguinhos da floresta, no Dia Mundial do Meio Ambiente

Por Rebeca Almeida

No dia 05 de junho, comemora-se o Dia Mundial do Meio Ambiente e, este ano, recebemos um convite especial da Secretaria de Meio Ambiente de Sooretama: Realizar atividades com os pequeninos, dos Centros de Educação Infantil Municipal, no dia 06 de junho de 2017. Durante toda a semana comemorativa foram realizadas atividades de sensibilização pela Secretaria em diferentes escolas.

18882113_823663721120054_4944850367879647075_nDesde o momento do convite nos deparamos com um grande desafio: criar atividades de sensibilização para crianças de 1 a 5 anos, em seis Centros de Educação Infantil Municipal (CEIM). Ainda não tínhamos trabalhado com crianças dessa faixa etária e após muitas reuniões, decidimos preparar um teatro de fantoches itinerante, no qual a dona Anta apresenta seus amigos da floresta para as crianças. E, então, os desafios só aumentaram, pois tínhamos que confeccionar os fantoches, escrever um roteiro de fácil compreensão, buscar outros elementos para compor a história e criar um cenário prático e atrativo para as crianças.

IMG_0042Nossa equipe (Andressa, Juliana, Paula e Rebeca) se empenhou muito para que tudo desse certo! O objetivo era atrair a atenção das crianças com animais que moram ali pertinho delas e para  isso acontecer, tivemos que ter bastante criatividade. Nossos fantoches ganharam vida a partir das lindas ilustrações da Daieny Schuttz! 

O resultado foi melhor do esperávamos. Receber o carinho das crianças e vê-las interessadas pelos personagens e suas curiosidades foi recompensador. Ao final do dia estávamos exaustas, mas com um sorriso enorme no rosto acompanhado da sensação de dever cumprido.

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Dona anta e seu filhote, ilustrados pelo amigo Pedro R. Busana, fizeram muito sucesso entre as crianças.

E sabem o que vale muito a pena? Ver as crianças encantadas ao conhecerem tantos animais, que moram ali bem pertinho delas, de uma forma lúdica. Não teríamos cumprido esse lindo desafio sem a parceria da Secretaria de Meio Ambiente de Sooretama, da Reserva Biológica de Sooretama e dos talentosos Daieny Schuttz e Pedro Rodrigues Busana. Muito obrigada a todos!

IMG_4131Nós queremos agradecer imensamente a Dolores Colle e Sheyla Dantas, da Secretaria de Meio Ambiente por confiarem em nosso trabalho e às educadoras dos Centros de Educação, que foram muito receptivas com nossa equipe e, principalmente, a todas as crianças que participaram das atividades. Foram muitos abraços e beijinhos recebidos!

Em busca da latrina perfeita

Por Dahiani Nunes Bossi

No final de 2012, estava no segundo período da graduação, decidi que queria trabalhar com genética de mamíferos. Foi então que procurei a Dra. Ana Paula Cazerta Farro para conversarmos sobre os projetos que ela desenvolvia. Ela mIMG_2610e explicou a respeito dos seus projetos e de um novo projeto que iria desenvolver junto ao Pró-Tapir, que tinha por objetivo avaliar a diversidade genética de antas nos remanescentes florestais do Espírito Santo. Apaixonei-me pelo projeto sem ao menos saber como seria o desenvolvimento deste, não tinha ainda conhecimento de laboratório e nem de campo.

Passei alguns períodos cumprindo disciplinas e acompanhando as reuniões do grupo de genética. Até que, no dia 29 de janeiro de 2015, fui para o meu primeiro campo, sem conhecer ninguém que estaria ali comigo. Chegando lá conheci a Dra. Andressa Gatti, coordenadora do Pró-Tapir, cheia de sonhos e objetivos para a conservação das antas e junto a ela estava uma equipe maravilhosa: Cris, Paula e Seu Zé. Todos muito empenhados na busca ativa por fezes de antas, registro de pegadas e checagem de armadilhas fotográficas. Eu precisava coletar fezes frescas para extrair o DNA e realizar a identificação de indivíduos e análises de diversidade. Logo me orientaram como andar na mata e os cuidados a tomar.

Após coletar as amostras, fui para o Laboratório de Genética e Conservação Animal, do Centro Universitário Norte do Espírito Santo (CEUNES) da UFES, e com isso obtive os resultados para minha monografia. Hoje sou aluna do mestrado em Biodiversidade Tropical no CEUNES e continuo minha pesquisa com uso de um maior número de locos microssatélites, com os seguintes objetivos: Identificar indivíduos de Tapirus terrestris presentes no Complexo Sooretama-Linhares; determinar a diversidade genética para os indivíduos identificados; verificar a existência de estruturação genética entre os indivíduos para os diferentes fragmentos; identificar se os indivíduos do leste da reserva se deslocam para o oeste e vice-versa, cruzando a Rodovia BR-101.

Em breve escreverei novamente para compartilhar um pouco mais das minhas experiências com o estudo das antas, esse animal difícil de ser visto no complexo Sooretama-Linhares, mas que estão lá, deixando a fotografia do seu olhar curioso nas armadilhas e suas fezes fresquinhas para os estudos genéticos.

O Pró-Tapir e suas parcerias!

Olá, pessoal!

Este é um vídeo do professor Dr. Stuart Pimm, da Universidade de Duke, EUA, apresentando a sua “família” de pesquisadores. O Pró-Tapir tem orgulho de fazer parte desta família! Danielle Moreira conta um pouco dos nossos trabalhos neste vídeo (3:18 min). Esperamos que vocês gostem!!
Obrigada Dr. Stuart e Paul Zizzo!

Acessem o vídeo aqui!

Abraços de anta

Hi everybody! This is a video presenting Dr. Stuart Pimm’s “family”, from Duke University, USA. The Pró-Tapir is proud of being part of this family! Dani Moreira tells a little bit about our research in this video (3:18 min). We hope you like it!!
Thank you, Dr. Stuart and Paul Zizzo!

Tapir hugs

Dia Mundial da Anta!!! World Tapir Day!!!

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Por Danielle Moreira

Vocês sabiam que no dia 27 de abril comemora-se o dia da anta? Pois é! O dia da anta foi criado para divulgar para todo mundo que as antas existem (Sim! Mas algumas pessoas não sabem disso) e que são animais interessantes, diferentes, e muito queridos! Além disso, um dos objetivos do World Tapir Day (dia da anta) é levantar fundos para a compra de terras para a proteção dessas espécies. Querem saber mais? Acessem o site do World Tapir Day.

Como já falamos antes, existem 5 espécies de antas no mundo – 4 nas Américas e 1 na Ásia. Quatro espécies estão ameaçadas de extinção, de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), e a recém-descoberta, Tapirus kabomani, ainda não possui dados suficientes para a avaliação do seu estado de conservação. E, por isso, nada mais conveniente do que chamar a atenção do público para essas espécies e as principais funções ecológicas que elas exercem nas florestas. Afinal, elas fazem parte de um grupo muito importante para o ecossistema – os dispersores de sementes – e ainda são parte de um dos mais antigos gêneros sobreviventes do mundo dos mamíferos!

Bem, mas vamos ao Dia da Anta! Para comemorar esse dia, a equipe do Pró-Tapir se uniu ao Zoo Park da Montanha, um zoológico particular localizado na cidade de Marechal Floriano, Espírito Santo. E, assim, realizamos o evento no final de semana  dos dias 30/04 e 01/05 de 2016.

Mas para tudo dar certo, durante uma semana e meia, o Pró-Tapir reuniu uma equipe para cuidar dos preparativos do evento. A organização foi totalmente voltada para as crianças, pois, assim como as jardineiras das florestas, as crianças são as maiores dispersoras de atitude entre seus familiares.
O resultado não poderia ter sido outro – um sucesso! Divulgamos as antas para os visitantes do zoo e estabelecemos horários para realizar brincadeiras e sorteio de brindes para as crianças. Ainda, conseguimos divulgar o nosso projeto de conservação das antas, o Pró-Tapir!
Gostariam de ver algumas fotos? Então dêem uma olhadinha no nosso Facebook.
Nada mais prazeroso do que ver uma ideia como esta se dissiminar!

 

 

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Do you know that on April 27 we celebrate the World Tapir Day? Yeah! The World Tapir Day was created to raise awareness about the species of tapir (Yes! Some people do not know that they exist) and that they are interesting, different, and very dear animals! In addition, one of the goals of the World Tapir Day is to raise funds to purchase land to protect i from human disturbance. Do you want to know more? Access the site of the World Tapir Day.

As we said before, there are 5 species of tapirs in the world – 4 in America and 1 in Asia. Four species are threatened with extinction, according to the International Union for Conservation of Nature (IUCN), and the newly discovered, Tapirus kabomani, does not have enough data to assess its situation. Therefore nothing more convenient than calling the public’s attention to these species and the key ecological functions they perform in the forests. After all, they are part of an important group to the ecosystem – seed dispersal – and they are still part of one of the oldest surviving genera in the animal kingdom!

Well, but let’s talk about the World Tapir Day! To celebrate that day, the Pró-Tapir team joined the Zoo Park of the Mountain, a private zoo in the city of Marechal Floriano, Espírito Santo state, Brazil. The event happened on the weekend of April 30th and May 1st, 2016.

So, to everything does well, we planned the event a week and a half in advance. The organization was totally focused for the kids, which as the gardeners of the forest (the tapirs), the children are the main dispersers of attitude among their families.
The result could not have been different – a total success! We talked about tapirs for the visitors, and we played games and raffle giveaways. Also, we promoted our tapir conservation project, the Pró-Tapir!
Would you like to see some pictures? So give a sneak peek at our Facebook page.
Nothing gives more pleasure than disseminate this idea!

World Tapir Day 2016

 O Programa Pró-Tapir/IMD e o Zoo Park da Montanha estarão juntos na comemoração do Dia Mundial da Anta, no próximo final de semana

Esta semana comemoramos o Dia Mundial da Anta, mais precisamente hoje, dia 27 de abril! Esta é uma data para alertar a todos sobre a importância em proteger espécies tão essenciais para a manutenção das florestas. Em comemoração, o Zoo Park da Montanha – Marechal Floriano e o Programa Pró-Tapir/Instituto Marcos Daniel realizarão uma série de atividades educativas, no sábado (30/04) de 13:00 às 16:00 hs e no domingo (01/5), de 09:00 às 16:00 hs.

Durante as atividades, o público conhecerá mais sobre essa importante espécie que ocorre aqui no Brasil e também sobre as outras espécies que ocorrem no mundo. E o mais importante: queremos que todos saibam como a anta é um animal extremamente inteligente. Além disso, o público terá a chance de participar da votação para escolha dos nomes para as três antas, que vivem no Zoo Park.

Todas as espécies de antas estão ameaçadas de extinção. A anta brasileira (Tapirus terrestris), o maior mamífero terrestre nativo brasileiro, está Em Perigo de extinção na Mata Atlântica e no estado do Espírito Santo. Não podemos deixar a jardineira das florestas ser extinta. Todos podem fazer muito por ela e pelas suas matas!

Se você ainda não as conhece, então não perca essa oportunidade. Faça uma visita ao Zoo Park da Montanha, em Marechal Floriano. As equipes do Pró-Tapir e do Zoo Park estarão lá para lhe dar um forte abraço de anta.

Como chegar ao Zoo Park:

A partir de Vitória, siga pela BR 262 até o trevo de Viana, e continue pela BR-262 sentido Belo Horizonte. Ao passar por Marechal Floriano, siga em frente, até o último posto de gasolina das proximidades da cidade. Há uma placa indicando o local, por isso preste muita atenção. Siga até o final da estrada indicada pela placa e não se preocupe, logo no final dessa estrada você encontrará o Zoo, que também é conhecido como Sítio da Vovó, em Rio Fundo, Marechal Floriano, a 800 metros da BR-262.

Mais informações:

  • Crianças até 2 anos não pagam;
  • De 2 a 12 anos: R$ 15,00;
  • Acima de 12 anos: R$ 30,00;
  • Para idosos acima de 60 anos ou jovens/adultos com direito à Meia Entrada (estudante, doador de sangue, professor ou policial, que apresentarem a carteira de estudante, contra-cheque e documentação necessária): R$ 15,00.

 

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Pró-Tapir / IMD and Zoo Park Mountain will celebrate together in the World Tapir Day program, next weekend

This week we celebrate the World Tapir Day, more precisely on the 27th of April! This is a date to alert everyone how it is important to protect species that are essential for the forests. In celebration, the Zoo Park Mountain, located in the city of Marechal Floriano, Espírito Santo, Brazil, and the Pró-Tapir Program/Marcos Daniel Institute will host a series of educational activities on Saturday (30/April) from 13:00 to 16:00 and on Sunday (01/May) from 09:00 to 16:00.

During the activities, the public will know more about this important species that occurs in Brazil and also about other tapir species in the world. And most importantly, we want everyone to know how tapir is an extremely intelligent animal. Also, the public will have the chance to vote for the names of three tapirs, living in the Zoo Park.

All species of tapirs are endangered. The Lowland tapir (Tapirus terrestris), Brazil’s largest native land mammal, is in Endangered in the Atlantic Forest and in the state of Espírito Santo, in Brazil.

We cannot let the gardener of the forests be extinct. Everyone can do a lot for it and its forests! If you want to make a difference, donate to our project! More information HERE.

 

Do verde às cinzas

Por Danielle Moreira e Cristina Jaques.

Em meio aos diversos tons de verde, marrom e outras cores menos aparentes de uma floresta – porém tão belas quanto – descansam inúmeros animais. Desde os pequenos artrópodes até a robusta anta, a floresta é o seu local de trabalho, o seu refúgio, a sua casa. Eles já conhecem a rotina daquele ambiente e até mesmo uma boa chuva não impede que o seu refúgio desmorone. (Uma boa chuva é, inúmeras vezes, bem-vinda!). E a floresta continua protegendo esses animais, assim como esses animais continuam mantendo essa floresta, esse ecossistema, vivo. São inúmeros os processos ecológicos e interações envolvidos. E como uma sinfonia de Mozart, a rotina harmoniosa por vezes é quebrada por bruscas interações competitivas. No entanto, esses eventos já são esperados.

O que poderia acontecer se um evento inesperado, teoricamente raro, acontecesse? E se esse evento deixasse de se tornar raro, caminhando para um evento comum? E  se pudesse causar drásticas modificações na floresta? O que aconteceria com a fauna e flora, e com os processos ecológicos mantidos por eles? “Que evento poderia ser esse, então?” Você me perguntaria… Bem, apenas dê uma olhada no vídeo abaixo.

Um incêndio florestal poderia ser considerado um evento raro se ocorresse de forma natural – como o provocado por um raio, por exemplo. Mas sabemos que, atualmente, incêndios florestais, são muito mais provocados por nós, intencionalmente ou não. Esse vídeo que você acabou de assistir aconteceu na Reserva Biológica de Sooretama (RBS), entre os dias 29 de fevereiro e  16 de março de 2016. Duas de nossas armadilhas fotográficas gravaram o evento – e, por muita sorte, as câmeras ainda estão intactas!

As armadilhas fotográficas, que são câmeras com um sensor de movimento, foram instaladas na RBS pela equipe do Pró-Tapir, para estudar as atividades de diversos mamíferos, incluindo, claro, a anta. Essas armadilhas ficam em funcionamento 24 horas por dia, durante pelo menos um mês, até decidirmos movê-la para outra área ou retirá-la daquele local. Nossas câmeras estavam funcionando por duas semanas quando  o incêndio iniciou. No dia seguinte, parte da equipe foi ao local, conseguindo retirar oito delas, porém o restante continuou na mata. Por estarem nas áreas onde o fogo consumiu parte da RBS, pensávamos que iríamos perdê-las, mas para a nossa surpresa (e alívio!), quando retornamos, na segunda semana de abril de 2016, elas ainda estavam lá.

Assim que abrimos as imagens, vimos que todas as câmeras registraram a presença de alguma espécie da fauna antes do incêndio. E, de repente, ela capturou uma sequência de fotos e vídeos do incêndio. As imagens não mostraram nada além do fogo e da fumaça, porém só de pensar que um animal poderia estar em uma área consumida pelo fogo, como aquele do vídeo, faz o nosso corpo arrepiar.

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Imagem um pouco antes do incêncio chegar na área, onde uma de nossas câmeras estava instalada. Note que a “névoa” na imagem é, na realidade, fumaça.

 

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Fogo registrado nas imagens das armadilhas fotográficas instaladas pela equipe do Pró-Tapir.

Sabemos, por meio dos homens, que lutavam contra o fogo, que vários animais foram vistos queimados ou feridos por causa do incêndio. Mas, esses foram aqueles animais que podem se mover em grandes distâncias. E o que dizer daqueles que não podem? E o que dizer das espécies da flora? Aliás, a imagem pós-fogo é impressionante. Uma mata antes verde, agora percebemos apenas o negro das cinzas.

A RBS possui cerca de 27.000 ha. O fogo ocorreu na área leste e em uma parte da área central da RBS e, devido aos esforços da brigada de incêndio, bombeiros, trabalhadores da RBS, da Reserva Natural Vale e de vários outros voluntários, ele não se espalhou para outras áreas. Nós, como biólogos, sabemos da extrema importância da RBS para aquela região. Ela é um dos últimos refúgios da flora e fauna no norte do Espírito Santo e uma dos poucos da Mata Atlântica. Sem aquelas florestas, vários serviços ecológicos seriam totalmente perdidos. Por exemplo, a falta de água em áreas desmatadas já é uma realidade.

Quando dissemos que incêndios não são mais considerados eventos raros, é porque a sua causa está muito relacionada com as atividades humanas. Não se sabe exatamente como iniciou o incêndio da RBS, mas tudo indica que foi acidental. Sendo acidental ou não, já é hora de assumirmos que temos culpa por não considerar como os nossos pequenos e perigosos atos podem influenciar o futuro da nossa biodiversidade.

 

Jacu-estalo no Espírito Santo

No dia 28 de outubro de 2015 as armadilhas fotográficas do Pró-Tapir registraram uma ave raríssima na Mata Atlântica – o jacu-estalo (Neomorphus geoffroyi dulcis). O registro foi feito em uma área de floresta no município de Linhares, ES. Nós trabalhamos na área há cinco anos e somente no ano de 2015 registramos essa espécie.

O registro foi tão comemorado que a notícia foi publicada no blog da National Geographic Brasil! O estudo com o maior mamífero terrestre brasileiro, a anta, tem nos proporcionado conhecer muito mais da nossa biodiversidade. Especialmente, nas matas de Tabuleiros do norte do Espírito Santo.

Quer ler a notícia no blog da National Geographic? Então clique aqui.

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British-american-flag In October 28th 2015, the Pró-Tapir camera traps recorded a very rare bird in the Atlantic Forest – the Neomorphus geoffroyi dulcis. The photo was taken in an area of forest in Linhares, ES, Brazil. We have been working in this area for five years, and only in 2015 we got this record.

The record was so celebrated that the news was published in the National Geographic Brazil’s blog! The study of the Brazil’s largest terrestrial mammal, the tapir, has helped us to know more of our biodiversity. Especially in the forests of northern Espírito Santo.

Would you like to read more? Click here to the National Geographic blog.

My experience with Pró-Tapir

By Cristina López-Málaga

 I am a young Peruvian biologist interested in working with ungulates. Nowadays I am doing my undergraduate thesis project on feeding ecology of mountain tapir in the Northern Andes of Peru.  Two years ago I was seeking on the web for internships that involve tapir’s ecology and conservation studies, and I found the Pró-Tapir project.  The next year I had the opportunity to participate in the 6th Tapir Symposium in Campo Grande, Brazil and that is how I met Cristina and Jardel, both team members of an incredible tapir project led by Andressa Gatti, one of the most recognized researchers in tapir ecology. Andressa offered me to participate in one of Pró-Tapir field expeditions in the Atlantic Forest in Espirito Santo- Brasil, in order to gain experience in the study of tapirs in the wild. I felt very confident about the idea of doing and internship with a high qualified team like Pro-Tapir and I promised to myself that I would definitely return to Brazil in 2015.

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Photographing tapir footprints

After receiving an invitation from Andressa, in May of 2015 my promise came true and I went to Espirito Santo to join the Pró-Tapir team on their two weeks field trip. I would definitely say that working with Pró-Tapir team was one of the most amazing experiences that I have ever had in my life. The field work included camera traps installation according to a very rigorous design, collection of fecal samples (for genetics and feeding ecology studies), and application of FIT methodology to estimate tapir density with foodprints. Furthermore, we performed night surveys that allowed us to observe and count the tapir that live in this area.

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Collecting fecal samples in the REBIO Córrego do Veado
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With part of the team in REBIO Córrego do Veado

Our basecamp was a farm located next to conservation areas (private initiatives and federal). I was really surprised when I realized that tapirs can live not only in pristine areas, but also they can use fragmented areas with crops for activities such as feeding and resting. This cleared up my mind on how the monitoring of target species should be done in a fragmented landscape such as Espirito Santo. I consider this one of the most valuable learnings of this internship because in my country tapir ecology studies are concentrated in conservation areas, usually excluding fragmented landscapes.

This internship gave the opportunity to meet amazing colleges that now are also my Brazilian favorite friends. Since the first day I felt like home, so thank you all for sharing your knowledge and experiences being so friendly in all moment with me. I will never forget the incredible food hahaha and the painting sessions at night. Special thanks to Cristina, Jardel, Paula, Joana, Morgana and Andressa. You are always welcome in Peru.

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With Andressa and Paula in the REBIO Sooretama

 

Saiba como a Cris chegou ao Pró-Tapir!

Por Cristina Jaques

O contato com o meio científico começou quando eu ainda estava no início da faculdade, a partir de um estágio voluntário no Museu de Biologia Prof. Mello Leitão (MBML). Nesse tempo eu me dediquei às diversas atividades que um museu de biologia pode oferecer e, foi nesse cenário que participei do meu primeiro projeto de pesquisa, que tinha como objetivo descobrir mais sobre a ictiofauna do Vale do Canaã. Os responsáveis por esse trabalho empenhavam horas e horas na identificação de minúsculos peixes, demarcação de bacias, rios e nascentes, novas espécies e, ali tinha muito amor e dedicação a este grupo tão interessante. Porém, os mesmos olhos que observavam todo esse trabalho com atenção e curiosidade, estavam à procura de algo que também despertasse tanto amor quanto eu via ali.

Palestra da Andressa, em 2011, no MBML.

Longe das águas, o que eu procurava estava em terra firme, logo soube quando a coordenadora do Pró-Tapir (Andressa Gatti) foi ministrar uma palestra sobre o projeto no MBML. Reservas, dias de campo, fezes de anta, carrapatos, marimbondos, cansaço, horas de caminhada, muito dedicação e claro, as antas e sua conservação. Esse era o cenário que o projeto apresentava aos seus ouvintes. E foi por essa vida, por essa espécie que eu me apaixonei. Era uma proposta tão incrível para uma simples estudante de graduação. Veja bem, a conservação ia além das antas, estava ali a conservação da comunidade de ungulados existentes nas áreas e consequente proteção de tantas outras espécies e seus habitats.

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Defesa da Monografia, em 2013, na ESFA.

O que era interesse virou realidade quando a Andressa aceitou me orientar na monografia ou desorientar como ela diz rs….. brincadeiras à parte. Iniciamos ali um grande parceria, ainda não era com as antas, mas com um grupo interessantíssimo, os carnívoros. Eu estudei a dieta de algumas das espécies de carnívoros partir das fezes, com a preciosa ajuda do Jardel Seibert. Monografia aprovada e um diploma no bolso, eu estava oficialmente na equipe do Pró-Tapir.

E para honrar tal oportunidade, muito trabalho eu tinha pela frente, muito o que aprender, ouvir, observar e arriscar. Meu primeiro campo oficial foi na REBIO de Sooretama com direito a muito coco de anta e carrapatos pra deixarem suas marcas na minha história.

Primeiro campo oficial com a equipe do Pró-Tapir, na Rebio de Sooretama: Coleta de fezes de anta
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Com o parceiro, Jardel B. Seibert, na primeira campanha oficial com o Pró-Tapir.

Abraços

Fotografia e Conservação das Antas: uma parceria de sucesso

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A pesquisadora Ana Carolina Srbek Araújo registrou o momento exato em que o Gustavo estava fotografando a anta, na Reserva Natural Vale.

Por Andressa Gatti e Danielle Moreira

Sempre vimos lindas fotos e filmagens da natureza em documentários na televisão, notícias, blogs, sites de fotografias, livros, facebook, projetos de pesquisa e conservação da biodiversidade, etc. De uma certa forma, era tudo muito próximo, mas ao mesmo tempo distante de nós. Apesar de termos uma ideia do quão trabalhoso é fotografar os animais em vida livre e toda a paisagem, foi só quando começamos o Pró-Tapir é que a ficha realmente caiu.

Mas não iniciamos esse trabalho sozinhos. Na verdade, encontramos parceiros engajados na causa e que sempre estão interessados em registrar os animais silvestres, inclusive a anta, com o propósito de chamar a atenção da população para a conservação da fauna e flora.

Logo no início, nossos amigos Gustavo Magnago, Leonardo Merçon e Ilka Westermeyer nos proporcionaram belos registros. Com eles, tentamos aprender algumas técnicas de fotografias, mas para dizer a verdade, precisamos de muito treino e dedicação para isso! Afinal fotografia é uma arte, e é necessário paciência e sensibilidade.

Este é o Jorge, tranquilo, se deliciando em uma poça de água lamacenta. Léo e sua equipe tiveram o prazer de ficar observando ele por vários minutos.
Este é o Jorge, tranquilo, se deliciando em uma poça de água lamacenta. Léo e sua equipe tiveram o prazer de ficar observando ele por vários minutos.
Anta fotografada por Léo Merçon, na Reserva Biológica de Sooretama.
Anta fotografada por Léo Merçon, na Reserva Biológica de Sooretama.
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Esta imagem feita pelo amigo Gustavo Magnago reflete simplesmente o mais lindo dos sentimentos, o AMOR!

 

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Exato momento em que Peter se preparava pra fotografar a anta, que vimos dentro do talhão de eucalipto. Já era quase noite e chovia!

O interessante é que  nossas parcerias fotográficas não acabam! Este ano tivemos o prazer de conhecer o holandês Peter Schoen, que entrou em contato conosco, em 2014, interessado em nos acompanhar nos nossos trabalhos de campo. Foi então que no dia 13 de dezembro Peter veio nos visitar e participou de uma de nossas campanhas. O resultado foram lindas fotos e uma nova amizade.

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Ele desejava muito fotografar uma anta e conseguiu!!

 

Mas, nossa equipe tem seus fotógrafos amadores! Kiki, a primeira veterinária do projeto, também foi nossa primeira fotógrafa amadora. Eram 10 horas da manhã, em julho de 2012, quando vimos este machão! Eram 10 horas da manhã, em julho de 2012, quando vimos este machão! Kiki fez esse lindo registro!

Em seguida, Rafael também captou nosso trabalho com aquela sensibilidade. Nosso amigo do IMD, Felipe Buloto, nos acompanhou em uma de nossas campanhas de captura e fez aquele “book” fotográfico. E o restante da equipe sempre está com uma câmera na mão para tentar registrar atividades importantes.

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Mãe e filhote fotografados, na Reserva Natural Vale, pelo nosso amigo José Nilton.

Ainda, temos diversos amigos que sempre nos agraciam com registros impressionantes das antas e de outros animais. Diego e Zé Nilton são essas pessoas. Não são fotógrafos profissionais, mas a curiosidade deles e a vontade de compartilhar as belezas da natureza conosco, já lhes renderam imagens surpreendentes

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Fotografada por Diego Rocha, ex-vigilante da RPPN Recanto das Antas.

Pois é pessoal. O que aprendemos com nossos amigos fotógrafos é que a parceria entre pesquisadores e fotógrafos de natureza está cada vez mais forte e mais importante. Nós possuímos o mesmo interesse: primeiro, a conservação das antas, das matas e das outras espécies e, segundo, sensibilizar a população em nos ajudar a proteger nossos animais e florestas. Afinal, como diria o nosso amigo Leonardo Merçon: “Só protegemos aquilo que conhecemos”.

Por tudo isso, queremos agradecer a vocês, amigos fotógrafos, esse trabalho tão forte e sensível que, ao mesmo tempo, capta o que a natureza tem de melhor. Nossos sinceros agradecimentos a:

Leonardo Merçon, Ilka Westermeyer, Gustavo Magnago, Letícia Belgi Bissoli, Peter Schoen, Felipe Buloto, Maria Fernanda Gondim (Kiki), Rafael Cipriano, Diego Rocha, José Nilton Silva, Xerxes Caliman e a você que pode se sentir motivado a fotografar após ler nosso texto e ver estas belas imagens!!

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By Andressa Gatti and Danielle Moreira

We always see beautiful photos and footage of nature in documentaries, news, blogs, photo sites, books, Facebook, research and conservation projects, etc. In a way, it was all very close, but at the same time apart from us. Although we had an idea of how much work was necessary to photograph animals in the wild, it was only when we started the Pró-Tapir that the idea was confirmed.

anta no eucalipto_xerxesBut we did not start this work alone. In fact, we found partners engaged in the cause and always interested in registering the wild animals, including tapirs, in order to draw the attention of people in conservation of fauna and flora.

In the beginning, our friends Gustavo Magnago, Leonardo Merçon and Ilka Westermeyer gave us beautiful photos. With them, we tried to learn some photo techniques, but to tell the truth, we needed a lot of training and dedication for it! After all, photography is an art that needs patience and sensitivity.

But our photographic partnerships did not end! This year we had the pleasure of meeting the Dutch Peter Schoen, who contacted us in 2014, interested in following us on our field work. Then on December, 13, Peter came to visit us and took part in one of our field work campaigns. The result was beautiful photos and a new friendship.

But our team has its amateur photographers! Kiki, the first veterinary of the project, was also our first amateur photographer. She took a great picture of a male tapir in July 2012. Then, Rafael also register our work with that sensibility. Our another friend from IMD, Felipe Buloto, accompanied us in one of our capture campaigns and made great photos. And the rest of the staff is always with a camera in hand trying to record important activities.

Still, we have several friends who always gracing us with impressive records of tapirs and other animals. Diego and Zé Nilton re one of those people. They are not professional photographers, but their curiosity and the desire to share the beauty of nature with us, resulted in amazing pictures.

That’s it folks. What we’ve learned from our photographer friends is that the partnership between researchers and nature photographers are becoming stronger and more important. We share the same interest: first, the conservation of tapirs, of the forests and other species, and second, to sensitize the population to help us protect our animals and forests. After all, as our friend Leonardo Merçon always says: “We only protect what we know.”

For all that, we want to thank all our photographers friends:
Leonardo Merçon, Ilka Westermeyer, Gustavo Magnago, Leticia Belgi Bissoli, Peter Schoen, Felipe Buloto, Maria Fernanda Gondim (Kiki), Rafael Cipriano, Diego Rocha, José Nilton Silva and Xerxes Caliman.

We hope that this post and beautiful pictures can motivate you to photograph all the beauty of nature!!

Nossa equipe no Sixth International Tapir Symposium

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Da esquerda para direita: Edsel Moraes Júnior, Natalia, Andressa, Fernando Nogales e Eduardo.

Por Andressa Gatti

Lembro como se fosse hoje, a minha ida para o International Tapir Symposium, realizado por IUCN/SSC Tapir Specialist Group (TSG), em 2006, na Argentina. Fazia um ano que eu tinha defendido a minha dissertação sobre a viabilidade populacional das antas, na Mata Atlântica. Era uma pesquisadora que estava apenas começando a conhecer o fantástico mundo das antas, mas já estava apaixonada e decidida que me dedicaria à proteção delas. Então, com a cara e coragem lá fui eu para Buenos Aires, na companhia de um grande amigo, o Edsel. Alguns amigos me ajudaram a viabilizar minha ida e eu agradeço a eles até hoje. Foi uma experiência incrível, porque conheci vários estudiosos sobre todas as espécies de antas, não só a Anta Brasileira (Tapirus terrestris), fiz bons amigos e comecei a entender melhor o funcionamento do TSG. Foi demais!!!!!

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Paulo Rogerio Mangini na apresentação de seu poster.

Depois de oito anos, em novembro deste ano,  pude novamente ir ao Simpósio, mas desta vez ele tinha um gostinho muito mais especial. Primeiro porque foi realizado aqui no Brasil, em Campo Grande, e segundo, porque eu fui com a minha equipe do Pró-Tapir: Amabili Falqueto, Cristina Jaques, Paulo Rogério Mangini, Igor Acosta e Jardel Seibert. E, além disso, apresentamos alguns resultados já obtidos ao longo destes quase quatro anos de projeto!! Tenho certeza que para eles a sensação também foi pra lá de especial!

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Jardel Seibert durante a apresentação oral.

Meu orgulho foi enorme ao ver o Jardel Seibert apresentando parte dos dados da sua dissertação de mestrado sobre o grau de frugivoria das antas, em duas unidades de conservação aqui no estado: a Rebio Córrego do Veado e a RPPN Recanto das Antas.

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Participantes do Sixth International Tapir Symposium

Foi um simpósio que reuniu quase 100 pesquisadores, da Ásia, América Central, América do Sul,  América do Norte  e Europa. Pessoas muito queridas, todas interessadas na proteção das  espécies de Tapirus. Não só pesquisadores já consagrados nos estudos  com as antas, mas também interessados em iniciar projetos com elas,  especialmente aqui no Brasil. Isso é muito motivante!!!  Quanto mais  temos informações sobre as antas, em diferentes regiões, mais embasadas  serão as propostas e ações de conservação para todas as espécies de anta.

Em 2006, ter um projeto voltado para a conservação das antas aqui no Espírito Santo era um sonho e hoje ele é realidade. Conseguem imaginar a minha felicidade?

Abraços de anta

Andressa Gatti

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By Andressa Gatti

I remember like it was today when I was going to the International Tapir Symposium, held by IUCN / SSC Tapir Specialist Group (TSG) in 2006, Argentina. It had been a year that I had defended my dissertation on the population viability of tapirs of the Atlantic Forest. I was  a researcher who was just getting to know the wonderful world of tapirs, but I was already in love with it and decided to dedicate myself to their protection. Then, with the face and courage I went to Buenos Aires in the company of a good friend, Edsel. Some friends helped me to travel to Argentina, and I still thank them for it. It was an amazing experience because I met several scholars that study all species of tapirs, not only the lowland tapir (Tapirus terrestris), I made good friends and I began to better understand how the TSG works. It was awesome !!!!!

After eight years, in November this year (2014), I went again to the Symposium, but this time it had a much more special taste. First because it was held here in Brazil, in Campo Grande, and second, because I was with my Pró-Tapir team: Amabili Falqueto, Cristina Jaques, Paulo Rogério Mangini, Igor Acosta and Jardel Seibert. Also, we presented some results of our studies after four years of Pró-Tapir!!! I’m sure that my team had the same special feeling that I had!

My pride was huge to see Jardel Seibert presenting part of the data of his dissertation about frugivory of tapirs in two protected areas in the state of Espírito Santo: the Biological Reserve of Córrego do Veado and the RPPN Recanto das Antas.

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It was a symposium that brought together almost 100 researchers from Asia, Central America, South America, North America and Europe. People very dear, all interested in the protection of tapirs. Not only researchers already established in studies with tapirs came, but also those interested in starting projects with them, especially here in Brazil. This is very motivating !!! The more we have information on tapirs, in different regions, more reliable the proposals and conservation actions will be for all species of tapir.

 

In 2006, having a project aimed in conservation of tapirs here in Espírito Santo was a dream, and today it is reality. Can you imagine my happiness?

Nossa primeira anta!

Por Danielle Moreira

Antes de trabalhar para o Pró-Tapir, eu nunca tinha passado pela experiência de ver uma anta de perto. Nem em zoológicos e muito menos na natureza. Mesmo tendo morado na roça durante toda minha infância, as antas já não eram mais comuns no meu município (Aracruz, ES). E hoje, elas estão extintas por lá. Talvez elas já estavam extintas durante minha infância…Então, imaginem minha ansiedade em ver uma anta na natureza! E foi com esse espírito que parti para os meus primeiros campos em busca das antas, ou pelo menos dos vestígios deixados por elas.

Na Reserva Biológica Córrego do Veado, no município de Pinheiros, ES, conseguimos encontrar bastante vestígios na nossa primeira campanha, como fezes, pegadas e troncos roídos. Tivemos várias “emoções” por lá – meu tornozelo torceu por causa da bota nova de campo e tive que andar 7 km assim mesmo, com a ajuda de um cajado; nossa querida Andressa foi atacada por vespas; e outros de nossa equipe tiveram infestações de carrapatos. Porém, não tivemos sorte de encontrar a bendita da anta.

Equipe do Pró-tapir

Nas nossas duas primeiras campanhas, sempre íamos para a Rebio Córrego do Veado primeiro e depois para a RPPN. Mas na nossa terceira campanha, mudamos a ordem, e partimos primeiro para a RPPN Recanto das Antas, no município de Linhares, ES, e… ainda ansiosos por encontrar nossa primeira anta! Para fazer o campo na RPPN, nossa base ficava na Rebio de Sooretama, uns 30 km da RPPN, onde dormíamos e planejávamos nosso campo do dia. Fomos sempre bem acolhidos pelo pessoal da Rebio de Sooretama durante todo o período que permanecemos por lá.

Nossos primeiros campos na RPPN foram emocionantes, porém, cansativos. Acordávamos por volta das 6 horas e ficávamos na RPPN até umas 17:00, reconhecendo a área e procurando por vestígios. Pode parecer pouco, mas andar debaixo de um sol escaldante de janeiro, fevereiro e março não é nada fácil. Tínhamos que lutar contra o calor, o cansaço, atolamentos em lama tentando apanhar uma amostra de fezes (não é Igor??), os carrapatos e as dores no corpo. E ainda em alguns dias fizemos campo noturno! Nesses dias ficávamos até umas 21-22:00 no campo.

Igor tentando não ficar atolado enquanto procurava por vestígios de antas.
Igor tentando não ficar atolado enquanto procurava por vestígios de antas.

Mas tivemos nossas recompensas! No nosso primeiro campo, em um única estrada conseguimos avistar vários animais, como um grupo de quatis, macacos-prego, dois veados (mãe e filhote) e dois jabutis. Ainda encontramos um gambá atropelado. Andressa foi a sortuda a ver a primeira anta da equipe, mas o grupo como um todo, ainda não havia passado por essa experiência. No segundo campo, já tínhamos uma ideia onde encontrar os vestígios de antas. Coletávamos tudo o que víamos. Também observávamos pegadas delas pelas as estradas da RPPN. Essas pegadas saíam da mata para o eucaliptal ou vice-versa. Uma interessante observação que permitiu que publicássemos um artigo na revista Tapir Conservation! (http://www.tapirs.org/Downloads/newsletters/TC_2011_DV_10-01-2012final_web.pdf)

Até que no dia 02 de abril de 2011 toda a equipe pôde finalmente visualizar uma anta! Era o último dia de campo na RPPN e já estávamos sem esperanças. O segurança da RPPN, Jamilton, havia nos prometido uma anta naquele dia. Ele não se conformava que a equipe não havia observado esse animal na RPPN ainda. Então, antes de irmos embora, decidimos fazer uma pequena ronda em uma área que íamos pouco e que chamávamos de “Alta Tensão” (hoje, é uma das nossas principais áreas para fazer rondas). De repente, Jamilton grita “OLHA LÁ UMA ANTA”. Achávamos que era brincadeira, mas não! Ela estava mesmo lá!

Nossa primeira anta!
Uma foto da nossa primeira visualização de anta.

Todos ficaram desesperados para sair do carro e olhar para o eucalipto onde ela estava parada, a alguns pés de eucalipto na frente. Fui uma das últimas a sair do carro, tentando tirar a câmera guardada na bolsa. Enquanto isso, a Luana saiu desesperada para bater a foto, mas esqueceu de levar a câmera. Apesar de nossa euforia, conseguimos bater uma foto boa e fazer dois vídeos. Eita, que povo bom de câmera! Apesar dos barulhinhos que fizemos e dela ter percebido nossa presença, ela ainda ficou um tempinho parada, avaliando a situação. Logo depois que começamos a filmar, um barulho de galho caindo a assustou e fez que ela corresse para dentro do eucalipto.

Mas não importava mais! Todos estavam felizes com a experiência. Começamos a pular e fazer dancinhas malucas para comemorar. E se você estivesse lá, garanto, não importa o quão sério você é…você faria a mesma dancinha conosco!

A primeira vez a gente nunca esquece…

Como o tempo passa. Parece que foi ontem a nossa primeira saída de campo!! Era um domingo, 16 de janeiro de 2011, estava bem quente e todos (Dani, Luana, Jardel, Kiki, Igor e eu) ansiosos pela nossa primeira atividade em campo do Pró-Tapir, que foi realizada na Reserva Biológica do Córrego do Veado, em Pinheiros! Com exceção de mim, que estive lá em 2006, ninguém da equipe conhecia a Rebio, muito menos sabia chegar até lá. Depois eu descobri que nem eu sabia também…hahahahaha Mesmo passando uns 12 km da entrada para Pinheiros, ainda na BR 101, eu dizia: Estamos no caminho certo!

No caminho certo nós estávamos, mas não necessariamente na direção certa!!! Depois de alguns quilômetros percorridos, entradinha rápida em uma plantaçã644264_444284055652726_1585043354_no de cana-de-açúcar, finalmente chegamos na Rebio Córrego do Veado. Encontramos pessoas receptivas, que logo depois se tornaram grandes amigos e parceiros do Pró-Tapir!

Como todos estavam super ansiosos pra ver as antas, seus vestígios e conhecer a mata da Rebio, tomamos uma bela decisão de acordar bem cedo para andar alguns quilômetros até a entrada da trilha do Água Limpa. Foram quase cinco horas e meia de caminhada em uma mata de difícil acesso, pés super cansados, algumas picadas de marimbondos, mas valeu cada minuto!!! Encontramos vários registros das antas e também de outros animais, além de vários puleiros de caçadores (triste, triste). Pela primeira vez, estávamos imersos em uma mata sobrevivente. Em 1987, quase 80% da área da Rebio foi queimada. Porém, é impressionante quando nos deparamos com tantas espécies da fauna e flora, cheias de vida! Mas toda essa vivacidade é ameaçada por caçadores que ainda insistem em entrar na Rebio!!!

Relendo o diáIMG_2107 (2)rio de campo coletivo, feito por Dani, Lu, Jardel, Kiki e eu, encontrei um trecho que também se encaixa para vários dias em campo após três anos de projeto: “Parece que sempre chegamos nos locais logo depois da passagem das antas. Fezes sempre frescas, pegadas sempre recentes! Mas nada de anta por enquanto… temos que continuar nossa saga de perseguição!” Aliás, os relatos dos dias da primeira campanha são curiosos…rsrsrs

E é isso, estamos apenas no começo de um trabalho realizado com muita dedicação, amor e profissionalismo!!

Beijinho de anta em todos!!

Andressa Gatti